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Pesquisa de mestrado financiada pelo CNPq conquista prêmio de urbanismo
A dissertação de Mestrado "Patrimônio cultural quilombola: a margem no centro de narrativas, imaginários e representações no Camorim, Rio de Janeiro - RJ", do ex-bolsista de Mestrado do CNPq, Fillipe Silva de Pontes , foi contemplada com o primeiro lugar na 3ª Edição do Prêmio IPP Maurício de Almeida Abreu , concedido pelo Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos (IPP), órgão de pesquisa da prefeitura do Rio de Janeiro que é referência nacional e internacional na gestão de dados e de conhecimento para o planejamento estratégico, a integração de políticas públicas, o mapeamento, a produção cartográfica e a aplicação de geotecnologias. O Prêmio, de abrangência nacional, avaliou teses de Doutorado e dissertações de Mestrado defendidas entre janeiro de 2019 e julho de 2022, que tiveram o município do Rio de Janeiro ou sua região metropolitana como tema, tratando de aspectos sociais, urbanos, econômicos, políticos, culturais, ambientais, históricos e de patrimônio histórico. A dissertação premiada desenvolvida por Filipe Pontes discute o histórico de ocupação humana na baixada de Jacarepaguá e no Maciço da Pedra Branca, ao longo dos séculos, com ênfase nas formas de expressão culturais e dos saberes quilombolas.
Filipe Pontes no instante de seu agradecimento, na cerimônia de premiação (22 dez. 2022, Palácio da Cidade, Rio de Janeiro)
Defendida em janeiro de 2020, na linha de pesquisa Imagem e Cultura, do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob a orientação da professora Carla da Costa Dias, a dissertação consiste em etnografia, que contou com métodos de investigação-ação participativos. Durante o trabalho de campo realizado no Quilombo do Camorim, comunidade certificada pela Fundação Cultural Palmares em que muitos de seus integrantes praticam formas de expressão da cultura afro-brasileira, como capoeira e jogo, Filipe Pontes facilitou oficinas de produção de imagens sobre memória coletiva e engajamento comunitário. “Minha pesquisa reconhece as manifestações culturais e os modos de vida quilombolas como patrimônios culturais que precisam ser valorizados, promovidos e salvaguardados. No estudo, abordo saberes e formas de expressão que são acionados pelos quilombolas como constituintes de seus bens culturais: entre eles estão o jongo e a capoeira - registrados pelo IPHAN, mas também bens não registrados, como os saberes locais de uso de ervas medicinais; o uso do solo para plantio agroecológico; os festejos com feijoada; bem como os contos locais que aludem à formação da comunidade”, afirma Pontes. O ex-bolsista do CNPq é pesquisador vinculado ao NAPA - Núcleo de Antropologia, Patrimônio e Arte (UFRJ-CNPq) e autor de relatório e de cartilha sobre Bens Culturais imateriais, ambos produzidos para o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
O pesquisador Me. Filipe Pontes e o Diretor do PPGAV-UFRJ, Prof. Dr. Ivair Reinaldim, (22 dez. 2022, Palácio da Cidade, Rio de Janeiro).
De acordo com Pontes, os principais pontos da pesquisa foram o que se propôs a reelaborar a história da Zona Oeste do Rio de Janeiro, conferindo protagonismo às populações indígenas e de origem africana; a realização de esquema genealógico da comunidade quilombola, a partir de documentação e de relatos orais; e a combinação de elementos da Cartografia Social com a Fotografia Participativa, em oficina de memória e criação de imagens produzidas pelos quilombolas. “A oficina acabou dinamizando o potencial criativo e de engajamento comunitário, servindo de ponto de partida para esquematizarem projetos futuros”, observa Pontes, ressaltando também que seu estudo acompanhou o surgimento do Grupo de Jongo do Quilombo do Camorim.
O pesquisador Me. Filipe Pontes e a orientadora da pesquisa, Profa. Dra. Carla Dias – docente do PPGAV-UFRJ, (22 dez. 2022, Palácio da Cidade, Rio de Janeiro).
A cerimônia de entrega da 3ª Edição do Prêmio IPP Maurício de Almeida Abreu aconteceu no último dia 22 de dezembro, no Palácio da Cidade, Rio de Janeiro, com a participação de integrantes da comunidade quilombola etnografada. Ao receber o prêmio, Filipe Pontes agradeceu ao CNPq; a todo o quadro do PPGAV-UFRJ e à universidade como um todo; ao Quilombo do Camorim; ao IPP; e a sua mãe, a quem dedicou a honraria. “O apoio do CNPq possibilitou que eu me dedicasse exclusivamente à pesquisa durante a vigência da bolsa. Como realizei uma pesquisa de campo, o apoio foi importante para custear gastos com transporte, alimentação e também com a produção do material didático que desenvolvi para facilitar as oficinas de memória e produção de imagens”, afirmou Pontes. “Considero ser crucial para o desenvolvimento do país que o trabalho de fomento à pesquisa por parte de agências como o CNPq seja reconhecido e incentivado por amplos setores da sociedade”, completou ele. Em seu discurso durante o evento da premiação, Pontes defendeu a ideia de que toda a sociedade brasileira precisa reconhecer os quilombos como lugares de produção de conhecimento. Esta é a primeira vez que uma pesquisa da Pós-Graduação em Artes Visuais recebe a premiação concedida pelo IPP.
Durante oficina de Memória Local e produção de imagens – Uma das etapas do trabalho de campo da pesquisa. Da esquerda para a direita: Filipe Pontes, Adryan Almeida, Adilson Almeida e Rosilane Almeida, (Quilombo do Camorim, 26 out. 2019).
Sobre o Prêmio
O nome do prêmio concedido pelo IPP é uma homenagem ao geógrafo Maurício de Almeida Abreu (1948-2011), que foi professor titular da UFRJ. Na 3ª Edição do concurso, foram habilitados 111 trabalhos, sendo 64 dissertações de Mestrado e 47 Teses de Doutorado, remetendo, ao todo, a 16 universidades, 12 do estado do Rio de Janeiro, 2 de Minas Gerais, 1 de São Paulo e 1 do Espírito Santo. Os trabalhos foram julgados sob os critérios de originalidade e de relevância para a ampliação do conhecimento sobre diversas esferas sociais do Município do Rio de Janeiro e suas interações com a Região Metropolitana, em especial, a possibilidade do aproveitamento dos conteúdos na formulação de políticas públicas. A Comissão Julgadora foi formada por técnicos do IPP, da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.